domingo, 27 de novembro de 2011

Vermelhinho e o Lobo Ruim, uma versão ligeiramente esquizofrénica, à prova de A

Certo domingo, um pequeno ser, vestido de vermelho, dirige-se pelo bosque, com bolinhos e outros miminhos. Vermelhinho tem por destino o domicílio de vovó. No bosque um lobo diz-lhe bem dócil:

- Onde te diriges, meu bonito vermelhinho?
           
            - Ver vóvó. Levo bolinhos.

O Lobo terrível, ou mesmo ruim, corre, corre veloz sem Vermelhinho perceber e...Come vovó! Como certos insectos de 8 pés tece um covil com mil dentes, com o intuito de digerir um pitéu bem fresquinho: o vermelhinho. O lobo ruim vestido de vóvó esconde-se dentro dos lençóis.

(Toc, Toc!)

- Quem é?

- Eu, Vóvó!

- Oh, Vermelhinho! Que desejo de te ver!

- Que olhos, vó!

- Deste modo vejo-te melhor.

- Que ouvidos enormes!

- Oiço-te melhor com eles.

- Que dentes colossos!

- Vou-te comer!!!!

            -UI! UI! SOCORRO! UI

Um homem que tem por rendimento mortes de seres vivos ouve os gritos do Vermelhinho e resolve tudo: o lobo morre, vóvó suspende morte no ventre do lobo terrível e os três juntos, vermelhinho, vóvó e o homem que tem por rendimento mortes de seres vivos, deglutem bolinhos.

                                                                         Fim


(Este é um exercício de escrita que consiste na escrita de uma história conhecida, neste caso a história do capuchinho vermelho, sem recorrer ao uso da letra a)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carta ao Pai Natal

(...parece que já não é fora de época: eu quero mesmo receber esta prenda e tenho sido uma boa menina durante todo o ano)
Caríssimo Pai Natal,

Antes de mais quero dizer-te que não acredito em ti...mas se existires, por favor, não deixes de me responder. Acho que nunca acreditei em ti... Pelo menos nunca sofri a suposta grave desilusão que é deixar de acreditar no Pai Natal ou talvez tenha sofrido e dissimulado esses sentimentos...

Escrevo-te porque a minha profunda convicção nas minhas descrenças foi abalada por uma descrença geral maior que questiona todas essas descrenças. Por isso peço-te, neste Natal, quero receber as minhas descrenças primárias, sozinhas, isoladas, a valerem por elas próprias, convictas, orgulhosas de si, independentes. Não tem de ser nada novo, podes ser ecológico e fazer uma reciclagem das minhas convicções, emoções. Peço-te que reponhas as minhas descrenças bem fundamentadas e organizadinhas. Obrigada.

Com os melhores cumprimentos

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A outra paixão

Essa história das paixões deixa-me desconfiada…A minha outra paixão…, porque a primeira é só minha e recuso-me a expô-la aqui, só a premiá-la. A minha outra paixão é ser do contra, dizer mal e torcer o nariz a coisas fofinhas e lamechas, fazer listas de defeitos, relembrar maleitas e coisas que correram mal como o jantar de família em que a minha tia deixou queimar o arroz de cabidela que se quer bem malandrinho, a minha avó bebeu ginjinha a mais e disse bem alto o que toda a gente sabia e de que ninguém falava e 2 primos afastados foram encontrados no quarto dos fundos em comportamentos menos próprios.

Não sei quando comecei a apurar as minhas capacidades analítico pessimistas… na infância enquanto os meus amigos gozavam com o “gordo” ou com a “cenoura” eu apontava-lhe as falhas morais e por vezes, quando estava aborrecida, falava-lhes da inexistência do pai-natal ou explicava-lhes o processo de decomposição a que o corpo dos seus parentes falecidos estava sujeito. Consideravam-me arrogante e empertigada e assim eu melhorava esta minha aptidão, tendo publicado aos 14 anos um pequeno jornal digital chamado “Escárnio e mal-dizer” onde escrevia sobre os namoricos da escola, os tiques dos professores e a comida intragável do refeitório. Durou pouco tempo porque cedo dei conta dos inconvenientes da internet, me aborreci com os comentários pouco criativos que recebia e alarguei os assuntos de análise.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O exorcismo moderno

Que existem demónios por ai, espíritos tenebrosos e criaturas enviadas por Satanás poucos podem não comprovar.

Muitas pessoas poderão ser reticentes em dizer que tais seres não circulam de quando em quando por ambientes do quotidiano ou mesmo assumir a forma de pessoas conhecidas... eu própria sinto os meus humores alterados sempre que leio um anúncio a promover o exorcismo. Deste ponto de vista o exorcismo pode ser caracterizado como um negócio sustentável que circula por ai (tal como uma alma penada) e a sustentabilidade é notável ou caso contrário, não seria referida nos preâmbulos de toda a legislação de âmbito nacional e europeu, produzida nos últimos anos.

Este post pretende reflectir sobre a condição do exorcismo na sociedade moderna. A água benta tem os dias contados, os tradicionais fantasmas sentem-se assustados com o intenso tráfego aéreo do nosso mundo global. Os exorcistas modernos já não empunham crucifixos, são geeks salvadores que activam anti-vírus perante fluxos de bactérias informáticas. Claro que existem charlatões que recorrem a formatações de disco. Por isso tenham cuidado!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Não existe espaço suficiente em DISCO. Necessita de 2 GB adicionais para copiar estes ficheiros

No início ela podia definir a sua vida pelos anos lectivos. Existia uma espécie de cerimónia no final do ano (lectivo) que implicava o uso de escadas, dossiers e capas com elásticos e algum tempo.

A necessidade de marcação de um ponto de viragem, de reflexão, era um momento de esvaziamento de caixas para acondicionar novas coisas ou encaixar tudo o que lá estava de forma nova (esta última era muitas vezes uma tentativa falhada de renovação). 
A substituição da mudança, que se repetia sempre ao mesmo ritmo, por vários acontecimentos bastante diversos (novas pessoas, viagens, alteração de residência, novos trabalhos,  novos interesses, substituição do guarda-roupa, novo corte de cabelo) com intervalos temporais variados, com diferentes alternâncias incomodava-a porque nunca sabia quantas prateleiras deveriam ser desocupadas.
Agora importantes fases da sua vida correspondem cronologicamente, a  momentos de aquisição de um novo computador, formatação de disco ou organização bastante profunda dos "meus documentos" no disco rigido.

Moral da história 1: Não tenham documentos importantes apenas numa pen.
Moral da história 2: Querem mudar de vida? Formatem o vosso computador pessoal.




quarta-feira, 2 de março de 2011

Os homens, os carros_______e as mulheres


Existe uma teoria que defende que um homem, por ter nas suas mãos determinado carro com características específicas, pode tornar-se objecto de um maior desejo por parte das mulheres. Nada disso…

O poder de atracção de um carro é directamente proporcional à forma como uma mulher vê o homem isoladamente. Para facilitar a análise vou dividir os homens em 2 classes e limitar o parque automóvel a desportivos de luxo e sucatas. Como resultado temos 4 combinações explosivas e muito esclarecedoras:

- O espécime masculino bronco que conduz um Ferrari será mais bronco por comprar um carro super caro, demasiado dispendioso na manutenção, pouco prático para estacionar e para transportar bagagem. A destreza no estacionamento dificilmente originará alterações na classificação do espécime.

- O espécime masculino magnífico ao volante de um Ferrari será mais magnífico. De certeza que se trata de um tipo bem-sucedido e confiante que sabe viver e concretizar os seus sonhos.

- O espécime masculino bronco numa peça de Sucata verá acrescentarem às suas características o título de forreta, poluidor e desleixado. Com esta lista estou a ser simpática.

- O espécime masculino magnífico que se arrasta num monte de Sucata a que chama carro irá demostrar o magnifico que é, relegando a imagem do carro para segundo, terceiro, quarto plano para dedicar tempo às questões verdadeiramente importantes da vida.