sexta-feira, 4 de junho de 2010

As reprimendas

Os meus conhecimentos de psicologia infantil, pedagogia ou compreensão de métodos de ensino são bastante básicos. Os bons comportamentos devem ser recompensados com um rebuçado e os maus comportamentos com uma estadia de cócoras no canto da sala? A geração com cáries e/ ou rótulas desfeitas, facilitaria a escolha de um individuo para cargos de obediência.

Apenas percebi há poucas semanas qual o efeito de demasiadas reprimendas na obediência.
Vamos colocar a questão da seguinte maneira:

- Imaginemos um boião de bolachas. Podem ser bolachinhas com pedacinhos de chocolate com aspecto muito apetitoso. Isto tudo, para tornar as coisas mais realistas…

A criança é informada que, até ao início do próximo mês, de modo algum poderá consumir aquelas bolachas crocantes, de sabor intenso e com pepitas de chocolate que se desfazem na boca rapidamente…

O boião das bolachas, de abertura fácil, com a iguaria deliciosa é depositado num armário do corredor. A criança, contente com toda a confiança depositada em si, prossegue o percurso sem olhar segunda vez para as bolachas.

Passadas 4 horas a criança torna a percorrer o corredor, ouve:
- Não te esqueças que não podes comer as bolachas!

No dia seguinte:
- Estás a olhar para as bolachas? Não podes comê-las!

No outro dia:
- Vê bem o que fazes! Não posso estar sempre aqui a vigiar!

E mais:
-Quando te aproximares do armário não olhes para as bolachas!
- As bolachas têm de estar ai até ao final do mês!
...

As bolachas continuam no boião, no armário, no corredor. A criança imagina que as pepitas de chocolate cheiram a naftalina e que a massa tem a consistência do arroz espapaçado feito pela avó Irene.

Um dia, a meio desse mês, 2 pequeninas mãos abrem o boião, tiram as bolachas e direccionam-nas para uma boca que as mastiga até meio boião estar vazio. As restantes bolachas acabam caídas junto a uma árvore.