Retrato III: a poetisa que morreu idosa
Houve
um momento da sua vida em que escrevia muito: analisava, revia e guardava todos
os seus sentimentos num papel, como se não existisse espaço dentro de si para
os conter.
Mais
tarde deixou de o fazer mas não sabe explicar porquê. Talvez a sua paixão tenha
diminuído. Ou terá crescido e tudo passou a caber dentro de si, mais ou menos
catalogado, mais ou menos arrumado.
No
entanto, num momento da sua vida ela escrevia muito, poesia, todos os dias. Versos
próprios das adolescências tardias e de vidas adultas lânguidas: textos
idealistas, poemas porno soft, ideias amarguradas em fermentação.
Depois
leu, algures, que os poetas morrem cedo. E mesmo achando poética a ideia de
morte prematura deixou de escrever, por esta ou por qualquer outra razão.
3 comentários:
passa no blog ocaminhoparasiproprio e diz-me o que pensas, obrigado
o nome do blog está errado, é almasaderiva
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